Edição: | António Duarte Santos

Nós humanos não estamos programados para assistir a alterações bruscas e realidades novas que daí advêm, mas a realidade é bastante mais convencional do que as nossas ideias. Isto significa que a realidade pós Covid-19 será mais incerta, propagadora do risco e, logo, do medo e da precaução. É o advento de transforma- ções velozes que nos obrigará a sermos mais humildes perante a natureza, o conví- vio e o ensino.

O mito do digital aumenta algumas qualificações no curto prazo, mas a prazo altera o método da transmissão do conhecimento com reflexos óbvios no modelo de emprego, logo na produtividade e no lazer. Dito de outra forma, esta trilogia a que estamos a assistir seguirá ao longo do tempo o seu rumo adaptativo. Entretanto, esta turbulência já está a criar um fosso entre gerações.

Caminhamos num trilho entre o modo de vida presencial e o modo de vida remoto. A adaptação a um novo mercado de trabalho que nos espera continuará a gerar rendimentos sem os quais o viver e o lazer não trarão bem-estar. Os locais de ensino estão a ser rein- ventados, provocando a familiaridade com as plataformas digitais e com os contac- tos remotos. Não restarão dúvidas sobre os efeitos teoricamente nefastos sobre as qualificações dos estudantes e sobre a formação contínua de quem labora. Delica- damente tudo mudou.

O reflexo da turbulência provocada pela pandemia tornou mais evidente o que já vinha a ser latente, ou seja, acelerou a complementaridade do ciclo de aprendizagem e do conhecimento até ao mercado de trabalho. É o que pretendemos ensaiar com este testemunho.

Palavras-chave: qualificações, bem-estar, gerações, emprego